Este artigo foi elaborado pelas Dras. Luciana Carvalho e Regina Solano e pelo Dr. José Carlos Carpilovsky, psicanalistas do Centro de Psicoterapia de Grupo (CPG) 
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Sabe-se que a diminuição da testosterona, hormônio masculino responsável pelo desejo sexual, é o principal fator físico para a falta ou subtração do mesmo. Mas existem fatores psicológicos, tão poderosos quanto a redução da testosterona, capazes de diminuir o desejo ou fazê-lo desaparecer totalmente. Eles aparecem como manifestação da vida psíquica, da forma como ela se organiza e se relaciona com as experiências do cotidiano.

As experiências vividas no dia-a-dia provocam inúmeros sentimentos. Os que estão mais fortemente ligados à falta de desejo são: tristeza, desânimo, ansiedade, medo, tédio, raiva e culpa.

A depressão está intimamente ligada a situações traumáticas, sejam causadas por perdas ou forte pressão emocional, ou ainda por baques intensos. Podem afetar o desejo sexual ou fazê-lo desaparecer. Em sua grande maioria, os homens não foram preparados para entender e valorizar os aspectos afetivos e emocionais que afetam suas vidas. Eles pensam que sua vida sexual não será afetada nos momentos em que se encontram tristes ou desanimados por estarem se separando da parceira, pela perda do emprego ou de uma pessoa querida, ou por outra circunstância qualquer que envolva tristeza.

Nestes períodos estão vivenciando o que se pode chamar de luto, que é um processo natural da vida, um momento de recolhimento necessário para lidar com as perdas sofridas. O luto pode passar com o tempo e esse tempo deve ser respeitado. Vale a pena destacar, porém, que existem situações de luto onde um forte sentimento de culpa em relação à pessoa que se perdeu está presente. Esse luto não desaparece naturalmente, e a ajuda da psicoterapia pode ser necessária a fim de analisar o sentimento de culpa presente.

A ansiedade é outro fator que altera o desejo. Conta com a ajuda de uma substância poderosa para fazê-lo, a adrenalina. É natural que certa ansiedade se apresente na primeira relação sexual com uma nova parceira em função da falta de conhecimento sobre o corpo do outro, sobre as suas preferências, pela falta de intimidade. A ansiedade excessiva que impede que o desejo flua está, principalmente, ligada a idéia de não se poder falhar.

Pais muito exigentes e rigorosos fazem com que os filhos cresçam encarando as falhas não como parte da vida, não como algo com que se pode aprender para melhorar, mas como algo imperdoável. Esta situação, muitas vezes, coloca o homem num círculo vicioso: cada relação que vive passa a ser uma prova de verificação de sua masculinidade e, devido a esta alta exigência, as falhas tendem a se repetir cada vez mais. Muitos começam a usar remédios para manter a ereção, mas logo se sentem infelizes, pois o sentimento é que nasceram com um defeito de fabricação.

A falta de desejo pode se apresentar também como consequência de uma relação desgastada por ressentimentos, mágoas e raiva. Neste caso, a princípio, a falta de desejo ocorreria somente com aquela determinada parceira, mas pode se alastrar e contaminar outras relações se o homem não perceber que é somente com aquela mulher, em função das dificuldades vividas, que o desejo está oculto.

Outra queixa comum, relacionada ao desejo sexual, é a de homens que relatam que sempre tiveram pouco desejo, ou nenhum, desde quando podem se lembrar, o desejo sempre foi fraco, dizem eles. Nestas situações, uma forte inibição do desejo, relacionada a fantasias inconscientes, está presente. Em casos como estes, a psicoterapia é fundamental para ajudar o paciente a ter acesso a tais fantasias inconscientes inibidoras, que na maioria dos casos estão relacionadas com: uma educação repressora, fazendo com que a pessoa se sinta culpada em relação aos seus desejos; as fantasias agressivas ligadas ao desejo sexual, medo de ferir ou ser ferido; as proibições religiosas.

As alterações físicas (orgânicas) são mais comuns em idosos. Nos jovens a diminuição do desejo e a disfunção erétil costumam ser predominantemente de origem psicológica. E, quando são assim diagnosticadas, a Psicoterapia Analítica de Grupo é uma ótima opção, pois coloca o sujeito em contato com outros homens com o mesmo problema, humanizando a dificuldade, diminuindo a vergonha e o sentimento de solidão. O grupo cria condições propícias, com ajuda do psicanalista, para o reaprender, o começar de novo num processo de autoconhecimento onde os sentimentos, a sexualidade e o próprio corpo são reencontrados, a partir de um novo ponto de vista.

E por falar em drogas para ereção, um artigo do Departamento de Urologia da Universidade Frederico II de Nápoles (Nápoles-Itália) fala sobre uma nova esperança para o tratamento da disfunção erétil, que pode amenizar os entraves psicológicos inicialmente gerados na primeira prescrição, como vimos no post anterior. Nada de novos medicamentos, o que muda apenas é a frequência de utilização e a dosagem das pílulas do amor, das quais entre as mais conhecidas estão o Viagra, Ciális e Levitra.
A proposta é usar drogas para ereção de forma contínua e não apenas momentos antes da relação sexual. O que acontece hoje é que o homem com problemas de ereção recebe indicação sob demanda para uso desses medicamentos, ou seja, exatamente – e apenas – antes da atividade sexual. Tal administração alivia e resolve temporariamente o sintoma da disfunção erétil, com resposta satisfatória de cerca de 80% dos pacientes em tratamento. Outros 20% dos indivíduos não se beneficiam deste tratamento em razão de problemas físicos mais graves, psicológicos, ou da associação de ambos.
O Laboratório Lilly colocou no mercado comprimidos de Tadalafila (Ciális) com 2,5 e 5 mg para uso de uma forma continuada, diariamente e independente do paciente ter uma atividade sexual.  A ideia se aproxima da “cura” da disfunção erétil, porque age diretamente nos fatores psicológicos, amenizando a ansiedade com a relação sexual planejada e, também, nos fatores orgânicos, melhorando a disfunção endotelial, se bem que mais estudos são necessários para comprovar esta hipótese. 
Além disso, estudos clínicos mostram que o uso crônico é seguro e efetivo, sendo uma alternativa para as doses utilizadas “sob demanda” (que sugere a atividade sexual com hora marcada), quando estas não apresentam o resultado esperado. A melhor parte é que os comprimidos para uso diário já tem aprovação do FDA americano e do mercado europeu.  O laboratorio Lilly informa que este novo produto   chegará ao mercado brasileiro até o fim do deste ano.

Referencia: BJU Int. 2010 Jun;105(12):1634-9.

 Department of Urology, University Federico II of Naples, Naples, Italy.