A Medicina é uma profissão que nos faz conviver diariamente com sentimentos extremos. Por um lado, ela permite uma intensa sensação de satisfação e bem-estar para quem a pratica. Afinal, com frequência conseguimos curar ou pelo menos aliviar as dores e doenças que afligem o ser humano.

Mas o reverso da moeda também se faz presente, sobretudo nos casos onde não podemos fazer mais nada para reverter o quadro clínico. Nessas horas, o médico deve ser forte. Ele tem o dever de continuar amparando o paciente. Mesmo convivendo com o sentimento de derrota por não conseguir salvar um ser humano.

Na área das Disfunções Sexuais, não posso deixar de comentar o caso de um paciente que teve seu pênis amputado aos 47 anos para tratamento de um câncer. Para a maioria de nós, é difícil imaginar o grau de sofrimento que uma pessoa experimenta numa situação dessas. Meu paciente, morador da periferia do Rio, teve seu casamento desfeito. Sua situação tornou-se pública e ele virou alvo de chacotas e piadas na vizinhança.

Confirmada a cura do câncer, ele foi submetido a uma cirurgia de reconstrução do falo com implante de uma prótese peniana. Isso provocou uma profunda mudança na vida deste indivíduo. Ele, que esteve a ponto de acabar com a existência, pôde então reconstruir sua história.

Mais uma vez, os extremos se encontram pelas mãos da Medicina.

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